aleatórias

Meu gato praticamente fez xixi em cima de mim enquanto eu dormia. No edredom. Um xixi de se aliviar. Agora tenho um gato com incontinência urinária que gosta de ficar na minha cama.

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Precisando cortar o cabelo. Descobri que não se pode tirar a máscara nem no banheiro da firma mais, pois se a pessoa que usou antes tiver feito a mesma coisa, e estiver contaminada, pronto. Nem a respiradinha na privada é mais possível. Imaginando como cortar o cabelo usando máscara.

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Dia desses sonhei com uma quermesse, alguma festa de Maria, sei lá. Festa junina? Várias barracas de comidas, pessoas, friozinho, um típico sonho de reminiscências infantis. Aí de repente eu percebo que estamos sem máscara. Ninguém está usando máscara. Vem o medo da contaminação, e vem a sensação barroca de estar vendo já futuros cadáveres por todo o lado. 

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Li a tetralogia napolitana da Elena Ferrante em 10 dias, ou menos. Tinha sonhos vívidos: as amigas indo conhecer o mar, salas de aula competitivas, brigas de família. Vontade de ler uma novelona assim de novo. Guardando o não lido da Natália Ginzburg para quando estiver desesperada por algum bom livro, como um tesouro. 

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Entrando na onda do ridículo sexo virtual, ficando mais ridículo ainda com o fato de que provavelmente nunca vou encontrar o cara pessoalmente. E lidando com a impressão de que a pandemia me deixou completamente sem assunto. O mundo lá fora? Que mundo? Um ano e meio restrita a conversas domésticas me faz temer ter desaprendido mesmo de conversar. 

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O mundo lá fora é o claustrofóbico mundo da política, dos desarranjos institucionais, dessa irracionalidade que enlouquece quem quer acompanhar. Já desisti.

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Lendo um livro sobre neoliberalismo. Lendo um livro sobre maternidade compulsória. Inclusive, descobri que não apenas pega mal não ter filhos, mas ter um filho só é sinal de desnaturamento. Além de não amamentar, não fazer a comida do filho, não ter parto normal, não viver em função de filhos. Acho que gostaria de ter filhos se não tivesse que ser uma mãe latino-americana. Ou seja, ter o papel de mãe se sobrepondo a qualquer outra esfera da vida, sofridamente. 

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Quando as coisas voltarem ao normal, vão voltar para qual normal? Existe ainda um mundo de antes?

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Envelheço na pandemia.


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