confissões mesquinhas e sentimentos de culpa

Um.
não tenho a menor simpatia por noivas que levam golpes de fornecedores de serviços às vésperas de casamento. eu tento, coitadas, é o sonho delas, e talz, mas não consigo. eu só consigo pensar "meu deus, que idiota, ficou cinco, dez, três anos, juntando o dinheiro, e aplica tudo o que tem em uma festa de casamento"? Prá quem? Prá mãe e a sogra convidarem "amigos" que não vêm há 30 anos (já vi mães de noiva fazendo listas dos convidados dela)? Prá chamar colegas de trabalho e amigos de infância vistos pela última vez em 1993 ( nessas horas pessoas mais irrelevantes adquirem alguma importância, sabe Deus por quê)? Vizinhos, conhecidos e tios-avós? Se vê que não entra na minha cabeça o motivo de pessoas "normais", quer dizer, que não são celebridades e têm um orçamento limitado, fazerem casamentos para 300 pessoas, ou gastar dezenas de milhares de reais com o fotógrafo ou com a decoração ( começam a pagar 3 anos antes). Sério, não entendo pessoas [sem dinheiro] fazerem isso. Os ricos são outra coisa, façam a festa que quiserem, que o apartamento próprio com a cozinha planejada e o closet  já está pronto. agora mulheres que ganham, sei lá, 5 mil, fazendo festas de 70, são umas idiotas. como se vê, tento ter pena mas só fico nervosa quando vejo essas coisas. Isso não faria sentido nem quando casamentos duravam a vida toda, e os netos veriam os avós no álbum, ouvindo a bela história de amor que resiste a 50 anos juntos. E, claro, o que está em questão não é só o alto custo dessas festas, mas o motivo desse custo, que não se deve apenas à lucrativa indústria das festas de casamento, mas aos delírios de auto-importância da classe média, que faz uma pessoa de 25 a 35 anos  - e seus pais - achar que tem tantas pessoas interessadas em seu casamento, como se fossem membros da realeza,  ou necessidades de auto-afirmação dessa gente, vai saber. Ou vai ver, é só carnavalização, aquela coisa de se sacrificar o ano todo por umas horinhas de alegria, como na música do Vinícius. Segue sendo um mistério, que observo friamente.

Dois.
Adultos planejando a viagem à Disney. Adultos com mais de 30 anos. Adultos que já foram à Disney uma ou duas vezes falando da próxima viagem à Disney como se isso fosse algo a se gabar. Em Brasília, é super comum. Pode se pensar que na época do turismo em massa (ou para as massas) ir para a Disney, Paris ou Nepal são o mesmo, aguardo argumentos defendendo isso, mas acho gente adulta que quer ir para Disney, principalmente sem ter sequer a desculpa de filhos pequenos, acho umas idiotas. Nem preciso me estender sobre os motivos. obviamente, também me sinto culpada pela minha falta de simpatia, pela incapacidade de entender o desejo dessas pessoas por brinquedos de parques temáticos. Ainda mais com ingressos em dólar. 

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