relatório de perplexidades

Minha vizinha se divertiu muito ontem a noite. Deus sabe como é angustiante ouvir os outros fazendo sexo: os gemidos, a voz abafada, alguma risada descontralada, algo derrubado no chão. Tudo parece expressão de um profundo sofrimento, para quem está de fora. É perturbador.
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Quando dava aula para menores infratores, havia um menino, que tinha entre 12 e 14 anos. Não sei qual a idade mínima para um menor ser encarcerado, mas ele era uma criança. O olhar, as bochechas, o cabelo bagunçado, o corpo gordinho, o jeito destrambelhado. Não sei se era mais chocante ver uma criança presa em regime fechado ou ver uma criança perigosa o suficiente para ser retirada do convívio social. Me perturba até hoje, pensar nele.
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Contou-se, na hora do almoço, que alguém, sim, resolveu dar um foda-se para o trabalho, o que é sempre acompanhado por admiração. E alguém com os dois pés bem fincados no chão completou: às vezes o foda-se vira foda-me, assim que a gente liga...Pois é.

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