I hit an iceberg in my life

É assim: a faculdade demorou uns 20 anos para passar, embora eu tivesse 22 anos quando ela terminou. Quando saí, fiz 23. E no ano seguinte fiz 26. E depois acabou esse limbo entre ser um pequeno adulto e um quase adolescente, indo a vida ladeira abaixo.

Da mesma forma, tive 19 anos até os 24. Com os 25 vieram as olheiras, a celulite, os quilos a mais e um fôlego curto.

Em Montevideo, no prédio em frente ao meu hotel, um rapaz morava sozinho. Era muito bonito e andava só de bermuda pela casa. Um dia ele saiu do banho pelado, mas trocou de roupa fora da janela, e da minha vista,  embora não fizesse a menor menção de fechá-la. Depois ligou a TV, mas logo se cansou. Foi para a sala. Na sala havia uma mesa de centro com vários papéis, livros, cinzeiros e copos de bebida. (Pensei que eram restos de uma festa.) Ele foi até o canto da sala e voltou com um violoncelo. Sentou-se no sofá e começou a tocar. Era sábado. Ele era bonito. O telefone não ia tocar, com convites para fazer alguma coisa? (Sempre é preciso fazer alguma coisa, aproveitar!). Tocar violoncelo era o mais natural a se fazer numa noite quente de janeiro em Montevideo. Me chamaram para sair; eu saltei da cama e fui. 

Postagens mais visitadas