livros

Queria ler mais em 2020, e imaginei que seria como na adolescência, ler um livro por semana, mas na verdade parece que não cheguei a ler 20 livros durante o ano.

Mas alguns foram memoráveis, lembrando de cabeça:

A virada, Stephen Greenblatt

Infância, Nathalie Serraut. Lindíssimo, o retrato do pai é puro amor e ternura. Como ser amado salva uma vida, cura uma dor praticamente incurável, que é a rejeição da mãe.

A chegada e outros contos, Ted Chiang. Ficção científica bem interessante, inteligente, muito didático às vezes, mas instigante a maioria do tempo.

Os argonautas,Maggie Nelson. Acho que foi minha primeira incursão na reflexão queer. Sui generis, inclassificabile, quase chocante às vezes, e não por causa da descrição do sexo anal que abre o livro. Aliás, fiquei me perguntando a necessidade de tantos elogios ao sexo anal, ao ânus, e coisas correlatas. Mas esse foi realmente instigante e expandiu minha visão para várias questões sobre sexo, feminismo, controle.

F de Falcão, A menina da montanha, Heimat: memórias de mulheres, das mais variadas (ok, brancas, do hemisfério norte, privilegiadas - exceto a de origem fundamentalista - nem tão variadas assim). Mas variam entre o chocante e inverossímil (a menina da montanha), melancólico (f de Falcão), e um livro gráfico lindíssimo que é Heimat, que é uma exploração corajosa do passado familiar nazista.

Cat person e outros contos; Manual da faxineira: Definitivamente queria ler mais livros assim.

A vida modo de usar: ficou anos parado na estante, e depois não queria mais terminar de ler, para não acabar.

As últimas testemunhas: depois do qual não tenho problemas com nenhuma literatura narrando atrocidades.

Ñ sei se li em 2020 ou 2019: Os anéis de Saturno, Sebald. Um livro sei lá e maravilhoso demais. Um retrato do fim do império britânico visto a partir  de suas entranhas, das ruínas. Preciso reler para digerir tudo aquilo de novo.
 

Larguei:
O tambor, Gunter Grass. É bom, engraçado, inteligente, e talvez isso seja o problema: parece que o autor está sempre dando uma piscadinha para o leitor perguntando "entendeu essa alegoria? Viu como sou inteligentao?"

Meninos de zinco: último livro do ano, e de uma amargura tão cortante que resolvi começar o ano com outra coisa.



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